Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra - a entrelinha - morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora. Mas aí cessa a analogia: a não-palavra, ao morder a isca, incorporou-a. O que salva é escrever distraidamente.
Clarice Lispector, "Água Viva"
18.5.07
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário