8.10.08

nômade

parado, na pista, cansado de correria.
mas enquanto houver fôlego estou no páreo.
não quero ser o primeiro e nem serei secundário.
só quero o que mereço por correr tão apressado.

não me diga que você sabe por que está correndo. ninguém sabe.

a vida não é uma linha
a vida não é um ponto numa linha
a vida não tem início nem fim.
ela é só um meio.

não gosto de nada pela metade. ou tudo é, ou nada.

subdivisões não me convencem.
talvez por isso eu seja tão apressado.
gosto de sentir o gosto do começo,
mas também aprecio o sabor do bagaço.

um dia eu chego lá. nem que lá seja longe.

eu nunca sei mesmo quando estou perto.
não corro de olhos fechados, senão tropeço
corro de mente aberta e coração.
não, não quero ser campeão.

só sei que quero chegar bem longe. e que não fico. nem lá, nem aqui.

19.8.08

por que eu não sou prosaico

Que ninguém me contradiga
sou capaz de comprar briga
(mas prometo manter-me quieto).

Correto?

Jamais.

Quem tem paz conhece o inferno
interno
cutâneo,
a correr nas veias

e outras delongas mais.

5.8.08

Difícil sentar, esperar e deixar que os acontecimentos me levem aonde eu não imaginaria chegar. O fim de cada passo não tem direção, consciência é ilusão, não adianta controlar o que me sucede no tempo. Impossível deter a vida, é ela quem me persegue. Sou um peão rodando sem parar.

15.7.08

Compaixão, ciúmes, saudades
arbitrariedades do amor
sensação estranha de bipolaridade
fogo que arde
sem se ver
ferida que dói
e não se sente
contentamento
descontente.
Mas há quem o tente
por mínimo que seja
e peleja
cereja
cerveja.

Amor é vício.

1.7.08

gozação

Dois corpos nus, entrelaçados, curtindo o gozo. Mais fácil dizer que se amaram, plenamente satisfeitos com a entrega dos corpos nus. Os odores dos sexos denotam intimidade, ela ainda a tremer com os arrepios que meus duros lábios provocavam ao percorrer cantos inexplorados. Instintos de macho dominam todos meus atos. Como fêmea sendo cortejada, ela movimenta o corpo com suavidade, numa dança afrodisíaca vibrante. Vítima de um impulso, rasguei nossas roupas e nos entreguei aos toques e carícias de mãos ainda pouco habituadas com o novo. Mas o cuidado é o combustível do orgasmo; gentilezas nas genitálias levam à erupção, jorro do mais puro prazer. Nós dois, satisfeitos, olhamo-nos nos olhos.

29.6.08

imperativo

Não me julga pelo que sou
muito menos pelo que faço
sente o sumo
e o bagaço
de mim.

24.6.08

e quem quiser entender
teorias, teoremas,
filosofias estratagemas
deve seguir os próprios passos
na danação.

DANCE DANCE DANCE!

14.6.08

Todos olham como se minha natureza fosse exótica. Parecem querer ver em meus olhos as poucas mensagens que tenho para registrar em palavras pobres. Daí quererão traduzir minhas doidices, interpretar divagações, classificar-me num estilo qualquer. Doces humanos, reles regentes de palavras sinceras, ombro amigo. Deixo-me levar...