21.5.08

bem-te-vi

Falo sério
sem mistério
deletério impopular.

Falo claro
sempre raro
quando calo
sei falar.

Fico mudo
todo mundo
me pergunta se quero dizer.

Calo, falo,
vôo, fácil,
difícil de prender.

19.5.08

cancro manco

Quero correr
e não tenho mais pernas.
Quero fugir
e não vejo caminhos.
Quero dizer
e não encontro palavras.
Quero matar
e não tenho mais fome.

9.5.08

de: para:


Chega de tortura
vou ceder à loucura
de me alimentar

sonhos,

devaneios da alma
que ferem a calma.

Sadismos,
assassinatos,
masoquismos,
concubinatos...

Vontades reprimidas pela Moral.
Ilusão de real.

Gritos revoltosos dizem não!

Fazem parte do esquema.
Seguem orientação.
Marionetes de pensamento-padrão.

de família,
de vida,
subversão.


5.5.08

A universidade deve ser um centro crítico, a semente da mudança. Nossa sociedade, contudo, é acrítica e se recusa a mudar. Qual pode ser meu destino? Renunciar às minhas idéias, admitir que são um sarampo juvenil e aceitar os fatos inalteráveis de uma sociedade mumificada transformando-me eu também em múmia, sentado até a morte em um conselho de administração capitalista ou em um escritório burocrático? Ou transformar-me em professor para continuar ensinando, sem trair meus princípios, as idéias revolucionárias a uma nova geração que, por sua vez, deverá renegá-las para encontrar um cargo remunerado na hierarquia da ordem?

Carlos Fuentes, "Em 68", ed. Rocco