29.2.08

Não quero mais julgar-me entendendor das efemeridades que aprisionam num estado que não é natural. Quero ser outros, viver outras vontades, leviandades de alguém que não conheço. Quero ser louco, viver solto, à deriva, como um corpo celeste sustentado por forças ocultas. É mais fácil ter mil faces, assim me deixam em paz, só. Comigo mesmo.

26.2.08

Quanto mais me aproximo do fim daquilo que sou capaz de dizer, mais me torno relutante de dizer o que quer se seja. Tenho vontade de adiar a hora de terminar e, desse modo, me iludir com a idéia de que estou apenas começando, que a melhor parte da minha história ainda está por vir.

Paul Auster, "A Invenção da Solidão"

à brasileira

Meninas, moças, mulheres!
Senhoras de amplos poderes,
muitos quereres, outros saberes.

Andam com os rostos pintados!
E, sobre seus rebolados,
vivem o dilema: tupi or not tupi.

Todas são belas, feras, ferozes!
Algozes que fazem de mim
um louco varrido.

24.2.08

Nem tudo é controlável. Tenho que aceitar minha condição de objeto do tempo e do espaço. Devo sujeitar-me ao descontrole do que me cerca, a vida e suas intempéries mostrando a todo momento que sou apenas algo em movimento. Não tenho controle de nada, apesar da quase certeza de que posso andar depressa ou devagar. Mas aí, quando menos espero, paro no meio do nada e percebo que sequer me desloquei; que, dependendo do ponto de vista, posso ter retrocedido mil passos. A solução, portanto, é deixar que pensamentos e emoções – ambos viciosamente necessitados um do outro – me mostrem o sentido, apesar da cegueira. Não quero acreditar na minha ignorância, mas ela está tão próxima e evidente que fica difícil ignorá-la. Ela subestima tudo que sei.